A comercialização e os lançamentos de imóveis em São Paulo registraram alguns resultados razoáveis em fevereiro, segundo a última Pesquisa do Mercado Imobiliário do sindicato da habitação (Secovi-SP). O levantamento mostrou que o estoque de imóveis caiu. É boa notícia, mas não deve ser tomada ao pé da letra. O que se sabe é que é elevado o número de unidades retomadas pelos bancos nos últimos dois anos, em decorrência da recessão e da falta de capacidade de pagamento dos financiados. Esses imóveis terão de ser vendidos tão logo o mercado tenha maior capacidade de absorção.
No primeiro bimestre, os dados de vendas foram mais favoráveis do que os dos lançamentos. Em fevereiro, foram vendidas 2.176 residências novas, número 34,2% superior ao de janeiro e 50,3% maior que o de fevereiro de 2018. O número de unidades vendidas em 12 meses, até fevereiro de 2019, atingiu 30,6 mil, bem acima das 25,3 mil comercializadas nos 12 meses anteriores.
Em igual período, foram lançadas 32,8 mil unidades, mas os números do primeiro bimestre deste ano não foram alentadores. Apenas 286 unidades novas foram lançadas em janeiro e 870, em fevereiro. Trata-se de um período sazonalmente fraco, mas será necessária uma recuperação forte daqui para diante para que se possa retornar à tendência positiva que marcou o quarto trimestre de 2018.
As vendas e os lançamentos estão concentrados em imóveis com áreas de até 45 m², ou seja, apartamentos compactos com um ou dois dormitórios. A preferência de grande parte dos compradores é por unidades localizadas em áreas onde existe ampla oferta de serviços e, ainda mais, próximas do local de trabalho. Algumas incorporadoras se especializaram no atendimento desse nicho.
O aumento da demanda verificado desde o segundo semestre do ano passado parece permitir uma elevação de preços nas áreas mais procuradas. Os incorporadores apresentam como justificativa as limitações de construir em São Paulo.
Na média de mercado, os preços ainda evoluem lentamente e, em geral, mal acompanham os índices de inflação. A questão é que a renda dos consumidores também cresce pouco e os empregos são escassos. Assim, mesmo sendo módicos os juros dos financiamentos, nem sempre as prestações cabem na renda dos compradores potenciais.
Fonte: opiniao.estadao.com.br