Dos dias 26 a 28 de agosto, aconteceu, em São Paulo, a Convenção Secovi 2018. O evento reuniu players do setor e discutiu diversos temas que envolvem a cadeia da incorporação no estado de São Paulo sobre o mercado imobiliário, como: possibilidades de negócios no interior; loteamentos; modelos de moradia; legislações urbanas; blockchain; e-commerce; transações digitais; entre outros.
Durante painel formado por Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP; Emílio Kallas, VP de Incorporação e Terrenos Urbanos do Secovi-SP; Rodrigo Luna, VP de Habitação Econômica do Secovi-SP e Presidente da Fiabci-Brasil; Antonio Setin, da Setin Incorporadora; e, por final, Sandro Gamba, diretor presidente da Gafisa, foram discutidos os temas que mais estão impactando os incorporadores nesse último ano, além dos resultados já apresentados no estado de São Paulo para o primeiro semestre.
Desafios enfrentados pelo mercado imobiliário:
- Distratos: De acordo com o Celso Petrucci, o Marco Regulatório dos Distratos, assinado há três anos, foi assinado como um pacto com todos os órgãos de defesa do consumidor. “Esse pacto não frutificou e a gente vem procurando uma solução pra isso durante esse tempo. Mais importante que o problema dos distratos é a gente ter um marco regulatório mais seguro para poder incorporar com tranquilidade e vender daqui pra frente”, ressalta o economista-chefe do Secovi-SP. Apesar dos distratos terem caído na amostra média da pesquisa da entidade, de 23,5% de agosto/16 para 9,7%, atualmente, esse índice ainda é considerado alto para o mercado imobiliário. Durante o painel, os painelistas reclamaram do quanto esse problema tem colocado as empresas em péssimas situações financeiras.
- Desemprego: A questão do desemprego assusta o setor da construção civil como um todo. “Depois de ter um desemprego em torno de 6%, foi um período bastante saudável na questão da empregabilidade, perto do ano de 2010. Nós estamos com o desemprego em torno de 12% a 13% e a cada mês que o IBGE atualiza as estatísticas, a gente se assusta”, ressalta Petrucci. O desemprego acaba por dificultar o desenvolvimento da demanda.
- Índice de Confiança: o Índice de Confiança é uma percepção que se tem dos diversos segmentos, de como ele está vendo o andamento do negócio e olhando o futuro. “Depois dos índices de confiança de 2015 baterem os índices mais baixos, ora eles sobem, ora eles descem, ao sabor das notícias e ao sabor dos meses de maio. A cada mês de maio ele dá uma caída ou por uma delação ou por uma greve de caminhoneiros”, alerta o economista-chefe da entidade. A questão é que nenhuma incorporadora lança um empreendimento imobiliário se não acredita que terá estabilidade daqui a alguns anos. Logo, a confiança é fundamental para o lançamento dos produtos e com a economia instável atrelada às questões políticas, torna-se difícil subir esse índice.
- Insegurança jurídica: Esse é um dos maiores problemas para o incorporador. “Há pouco tempo estávamos brigando para acabar com uma liminar de direito de protocolo. Direito de protocolo é quando a lei entra em vigor e você já protocolou o projeto baseado na lei anterior. Isso está na lei, no nosso plano diretor e, mesmo assim, tem desembargador que acha que isso não é direito, conseguiu dar uma liminar, o que poderia causar muitos problemas e causou”, ressalta Petrucci.
Perspectivas e resultados
A perspectiva da entidade para o ano é fechar com o PIB em torno de 1% e 1,5%. “E a inflação está sob controle o que é muito bom pra nós, expectativa de fechar a inflação com 4,2% e mantê-la praticamente estável no ano que vem”, afirma o economista-chefe do Secovi-SP. A taxa Selic também está apresentando bons resultados ao se manter em 6,5%, porém, a entidade manifesta preocupação na taxa de longo prazo, para 2022 e 2023, que pode chegar a 12%.
O mercado imobiliário de São Paulo, no entanto, está realizando uma média de 30.400 lançamentos imobiliários por ano contando desde 2004. As mercadorias que estão sendo colocadas no mercado atendem públicos específicos: atendem uma mudança na demografia das famílias, nos arranjos familiares, as tendências de mobilidade, então, em São Paulo, hoje, 84% dos produtos que são ofertados são até dois dormitórios, 50% com menos de 45 m² e 40% até R$ 240 mil.
“Realmente, nós não estamos avançando no preço de m² de área útil em São Paulo. Parte disso é explicado porque o Minha Casa, Minha Vida e o limite de até R$ 240 mil vem de alguns anos e precisa de um ajuste”, explica Petrucci quando fala sobre preços. Com relação às vendas, estão sendo vendidas 12 mil unidades por mês, aproximadamente.
Um importante destaque para esse ano é com relação ao programa do governo federal Minha Casa, Minha Vida. De acordo com o economista-chefe do Secovi-SP, 35% de todos os imóveis lançados em 2018 foram dentro do programa. Em 2017, esse índice foi de 19%. “Na venda isso é mais latente ainda, o ano passado nós vendemos no primeiro semestre mil unidades do Minha Casa, Minha Vida e esse ano nós vendemos 5 mil unidades do programa”, ressalta.
Fonte: mapadaobra.com.br